Retorno aos treinos pós quarentena
O retorno
Prof. Dr. Orlando Folhes
A ciência desportiva é discutida por diversas escolas de treinamento ao redor do mundo, porém, pode resumidamente ser definida como processo metodológico e científico que auxilia o atleta à atingir o alto rendimento através de elaboração, organização e planejamento geral e específico de maneira detalhada da forma de utilização dos recursos e do tempo disponível para treinamento de acordo com objetivos intermediário(os) e principal(ais) previamente estabelecidos, respeitando os princípios científicos do treinamento desportivo.
O período de quarentena ocasionado pela pandemia do vírus COVID-19 alcançou os atletas ao redor do mundo de diferentes formas no que tange a organização política, geográfica e cultural de cada região, entretanto, o período de inatividade ou de redução brusca do processo de treinamento organizado deve merecer cuidados especiais, pois a literatura é consistente ao indicar que em períodos de paralisações acima de 4 semanas, os atletas retornem para percentuais de treino com cargas iniciais.
Portanto, minha sugestão é que os princípios científicos do treinamento desportivo sejam minuciosamente respeitados seguindo a ordem descrita abaixo:
1. Identificar parâmetros de saúde dos atletas para manter o risco de contaminação baixo;
2. Interpretar como o atleta passou pelo período de quarentena, é sabido que cidades menos atingidas tiveram maior flexibilidade resultando em maior possibilidade de treinos outdoor por exemplo;
3. Avaliar a condição atual do atleta com testes globais e específicos de valências físicas inerentes à modalidade evitando testes de exigências máximas, minimizando riscos de lesões;
4. Aumentar gradativamente o número de sessões por unidade de treino, tendo como foco inicial o volume em contrapartida da intensidade, fazendo com que essa relação se inverta com o desenvolver do processo de treinamento;
5. Em treinos com foco na intensidade, sugere-se aumentar os intervalos para recuperação;
6. Incluir sessões de recuperação músculo esquelética, tais como: liberação miofascial, massagem, crioterapia etc;
7. Evitar microciclos de choque nas primeiras 5 semanas de treino (principalmente no caso do atleta ter ficado em completa inatividade no período da quarentena);
8. Destinar grande atenção ao trabalho coordenativo, padronização do movimento, e, tempo, método e controle do aquecimento em cada sessão de treino;
9. Conhecimento, controle, adequação e monitoramento da parte nutricional comparando com indicadores de desempenho.
Temos visto em algumas modalidades, elevados percentuais de atletas lesionados ao retornarem para o calendário competitivo. Avaliando que o ano de 2020 será reduzido e algumas competições aglutinadas, é de fundamental importância controlar o risco de lesão para que o ano não seja completamente perdido.
Um grande abraço e bom retorno à todos!